Barriga de aluguel: na Itália, em breve poderá se tornar um crime universal

Alugamos casas e lojas, carros e vans, roupas e até bolsas de luxo. Mas não as pessoas, muito menos as crianças. Uma afirmação, esta, que nem precisaria ser replicada visto que, apesar dos muitos defeitos que caracterizam a nossa sociedade, todos sabemos reconhecer e celebrar o valor da vida humana. Então, por que algumas pessoas estão falando sobre um útero substituto?

É preciso esclarecer uma premissa: ninguém aluga nada para os outros.O que alguém define como "útero ressuscitado" nada mais é do que uma conotação negativa um tanto velada em relação à barriga de aluguel, também conhecida pelo nome de gestação para outros, e muitas vezes abreviada para GPA, que prevê a ativação de um procedimento em que a mulher realiza a gravidez em nome de outra pessoa, ou de um casal, que consequentemente adquirirá a responsabilidade parental da criança após o parto.

Uma prática, essa do GPA, que na Itália é totalmente proibida e punível com pena de prisão de três meses a dois anos e com multas bastante pesadas, mas que em todo caso era permitida, pelo menos até agora, para cidadãos italianos no exterior onde o procedimento é legal. Falamos no pretérito porque era recente a notícia de um projeto de lei, que poderia entrar em vigor já no próximo mês, e que tornaria a barriga de aluguel um crime universal. Aqui está o que está acontecendo.

Barriga de aluguel na Itália e no mundo

O cenário que se abre diante de nós, quando falamos de barriga de aluguel, é muito amplo e variado e difere tanto do ponto de vista geográfico quanto do ponto de vista cultural e ideológico. Já dissemos o que é GPA, é uma forma de procriação assistida que prevê o envolvimento de uma mãe substituta que se torna, de fato, a gestante em nome daqueles que, efetivamente, serão os pais legais após o I' estou saindo.

O procedimento GPA é iniciado e definido por meio de um contrato entre a mãe de aluguel e os futuros pais que se comprometem, além de estabelecer regras, cláusulas e consequências, a contribuir com as despesas médicas. Em alguns países do mundo, o procedimento também prevê remuneração à gestante por todo o período da maternidade, por isso o termo "ventre de aluguel" tem sido utilizado e difundido.

O mesmo termo também foi apropriado por todos aqueles que veem a barriga de aluguel, e por toda uma série de razões ideológicas, sociais ou religiosas, um verdadeiro crime.De fato, são muitos os países que não reconhecem o GPA e que consideram a mulher que dá à luz como a única com direito a ser mãe. Entre estes também Itália e Espanha.

Em outros países do mundo, por outro lado, a barriga de aluguel existe e é reconhecida, tanto de forma altruísta quanto remuneratória, ou seja, por antecipação de uma compensação real paga à gestante. Entre eles estão a Grécia, que com a lei 3089/2002 sobre a procriação assistida, também introduziu a maternidade de substituição legitimando-a, e a Índia, onde desde 2008 a legalidade desta prática foi oficialmente reconhecida e aprovada, exceto nos casos de casais homossexuais ou pessoas de países onde isso não é legalizado.

A barriga de aluguel é legal, mas apenas se praticada de forma altruísta, mesmo no Reino Unido e é regulamentada pelo Surrogacy Arrangmements Act. A Rússia também segue os passos do país, que garante o acesso a essa prática para todos os adultos engajados em relacionamentos heterossexuais.

Diversos países dos Estados Unidos da América garantem o acesso à barriga de aluguel, entre eles a Califórnia, que foi a primeira a regulamentar o procedimento, e o Canadá.

O cenário na Itália é completamente diferente. A situação na Itália é clara e não deixa espaço para mal-entendidos: a barriga de aluguel é proibida e é considerada uma infração punível. A proibição total e absoluta também foi confirmada pelo Tribunal Constitucional e o procedimento é considerado uma prática capaz de atentar contra a dignidade da mulher e das relações humanas.

Apesar da linha bastante dura, adotada até agora, nada impediu os cidadãos italianos de irem para o exterior para prosseguir com a barriga de aluguel. Segundo algumas estimativas "empíricas" fornecidas pelo Corriere della Sera, até o momento, cerca de 250 casais italianos viajaram para o Canadá e os Estados Unidos (que também permitem que não residentes obtenham GPA), dos quais 90% para cem são heterossexuais, ao contrário do que se costuma imaginar.

A percepção se altera justamente pelo fato de que, como os casais homossexuais não podem adotar uma criança na Itália, muitas vezes são obrigados a migrar por curtos períodos para outros países e, assim, iniciar o processo de barriga de aluguel. Mas, como confirmam os dados acima, os casais heterossexuais constituem a maioria.

Agora, porém, tudo pode mudar e mesmo em pouquíssimo tempo já foram iniciadas as etapas para transformar a proposta em lei.

A barriga de aluguel vira crime: cenários possíveis

Conhecendo os tempos da burocracia italiana é surpreendente, e mesmo assim, saber que uma proposta poderia virar lei em tão pouco tempo, mas é. De fato, o projeto de lei foi apresentado ao Senado apenas em fevereiro e, com toda probabilidade, pode se tornar realidade já em junho.

A proposta reafirma a proibição total e absoluta da barriga de aluguel, tanto para casais homossexuais quanto heterossexuais, ao mesmo tempo em que prevê legislação destinada a combater o que alguns políticos identificaram como um fenômeno de turismo procriativo.Isso significa que os casais italianos não poderão mais ir para o exterior e, em países onde o GPA é permitido para não residentes, retornar à Itália com um filho obtido do mesmo procedimento.

Há várias oposições ao projeto de lei, em primeiro lugar a de Alessandro Zan que vê nesta legislação mais um aperto nos direitos da comunidade Lgbtq+ e das famílias arco-íris. Apesar dos protestos, o projeto de lei avança: o objetivo é transformar a barriga de aluguel em crime universal e, com isso, estender as penas também aos cidadãos que realizarem o procedimento no exterior.

O que f alta, até o momento, é o parecer das comissões competentes, após o que o texto do dispositivo será levado à Câmara no dia 19 de junho.

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