Conheci Grazia há algumas semanas, meditando com ela. O convite era fascinante: “Um dia para relaxar na natureza e aprender a despertar, nutrir e estabilizar o estado de ALEGRIA dentro de você”. Acolhi-o instintivamente (e com uma boa mistura de esperança e curiosidade). Correu muito bem, melhor do que eu pensava. Então pedi a Grazia para aprofundar algumas sugestões

“A alegria é um antídoto muito poderoso contra a negatividade”, fixei e sublinhei esta frase em meu caderno. Você pode nos ajudar a entender melhor o significado dessas palavras, tão simples e tão intensas? Na psicologia budista, a alegria é um dos pilares do bem-estar psicofísico, um dos 4 "estados imensuráveis" que, praticados constantemente, permitem que nosso cérebro se transforme em um cérebro feliz. Quando alimentamos a alegria - e com ela também o amor, a compaixão e a equanimidade - as emoções negativas atrofiam-se por si mesmas, como sementes que, privadas de água, não germinam. Praticar o cultivo da alegria, portanto, é uma das maneiras pelas quais praticamos a irrigação seletiva do jardim da mente, comportando-nos como um jardineiro habilidoso que sabe o que fertilizar e o que deixar morrer.

Despertar, nutrir e estabilizar o estado de alegria interior. Mindfulness pode nos ajudar a fazer tudo isso? Claro, porque a consciência sem julgamento do que passa por nós a cada momento (este é o significado de Mindfulness) nos permite tomar consciência da emoção ou pensamento que ocorre em nós e decidir entre alimentá-lo ou deixá-lo ir.

Tristeza, angústia, ansiedade, preocupação, mau humor, raiva e ressentimento emoções que muitas vezes nos dominam, principalmente desde o início do ano passado Infelizmente, as emoções negativas não podem ser evitadas: elas fazem parte do ser humano. São fenômenos fisiológicos, como uma tempestade, uma chuva, um dia de sol. Eles chegam, se manifestam e depois desaparecem. Esta é a sua natureza, condicionada e impermanente. O problema é que, em vez de vê-los sob esse prisma, nos identificamos com eles e, dessa forma, somos sugados por eles. Graças ao treinamento meditativo, no entanto, podemos aprender a observá-los como observaríamos uma tempestade, uma rajada de vento ou uma tempestade e, assim, ativar um processo de desidentificação gradual que nos permite permanecer, mesmo durante a tempestade, em um estado de calma e paz.

Você pode nos contar como abordou o Budismo, as filosofias orientais e depois o Mindfulness? Foi uma jornada ao longo da vida, que começou quando eu tinha 18 anos e, matriculado na Faculdade de Filosofia, imediatamente me senti atraído às tradições contemplativas orientais, ao budismo e sua abordagem científica ao estudo da consciência.Acompanhei vários Mestres até conhecer Thich Nhat Hanh, o principal divulgador do mindfulness ocidental. Praticar e estudar com ele deu uma mudança decisiva não só nas minhas habilidades, mas na minha vida.

“Meditação fácil para humanos ocupados. De 1 a 21 minutos por dia”: um livro de muito sucesso Sim, já é um livro que vende há muito tempo e sempre me dá alegria receber os testemunhos de quem, depois de ler e usar, escreve para diga-me que a vida deles mudou. O segredo deste livro é que ele não deve ser apenas lido, mas acima de tudo praticado, guiado por arquivos vocais nos quais você aprende a meditar a partir de apenas um minuto por dia e depois atingir progressivamente 21 minutos que voam como no primeiro dia. . Aproveitando o princípio da gradação e da constância, este livro/método permite a qualquer pessoa - mesmo a quem até ontem dizia "nunca vou conseguir meditar" - transformar a meditação num gesto habitual semelhante a escovar os dentes e vestir-se. pela manhã, antes de sair.Ensina a dilatar o tempo e a se livrar daquele aperto mental que nos torna escravos da urgência e nos estressa todos os dias.

Durante o dia de meditação também conversamos sobre alimentação. O que é Mindful Eating e como se pratica? Trata-se de aplicar o Mindfulness - ou seja, a plena consciência sem julgamento do que sentimos no momento presente - também à prática da alimentação. Começa com a consciência do que estamos prestes a levar à boca quando ainda está no prato: de onde vem, quem nos trouxe e assim nos permitiu desfrutá-lo agora? Então todos os sentidos são ativados para descobrir o maravilhoso mundo de cores, cheiros, sensações, memórias e emoções que se encerram em cada mordida. Aprende-se a tirar o máximo proveito do olhar, do nariz, do tato e assim por diante, a ponto de fazer da experiência da mordida (e da mastigação) uma viagem fascinante rumo à satisfação, à intensidade do prazer. Os resultados deste exercício – que pode tornar-se o incipit de todas as refeições para quem quer perder peso de forma definitiva – são extraordinários e mudam radicalmente a relação que temos com a comida, com o corpo e com o problema da perda de peso.

Você mora entre a Itália e a Tailândia. O que você encontrou nesta terra para decidir passar metade do ano lá? Encontrei meu verdadeiro lar. A primeira vez que fui lá a trabalho, como jornalista, para entrevistar todo tipo de gente depois do tsunami. Rapidamente vi como essas vítimas da catástrofe lidavam com o infortúnio, sem reclamar, sempre sorridentes e cheias de assertividade. Imediatamente pensei: quero viver aqui, com pessoas desse tipo, com uma ética que permeia todo pensamento, com a honestidade de quem, graças à lei do karma, assume a responsabilidade por cada um de seus atos sem rebater culpas e cobranças para ninguém. Quero morar aqui porque a espiritualidade se sente na carne e os dirigentes vão limpar os banheiros dos templos aos domingos. Porque posso ser freira mesmo que seja por um mês, e ninguém me dá folga pedindo que eu tome partido de um lado ou de outro, seja homem ou mulher, que cristalize minhas ideias em convicções.Hoje, depois de quase 20 anos, ainda moro lá. Porque gosto de sentir a vida como um rio e não como uma tigela de vidro para chafurdar como um peixinho dourado. Porque é na cultura da impermanência que ouço ressoar todo o nosso poder. E a firme certeza de que onde você abandona todo apego e aversão, o milagre se realiza. E tudo se torna possível.

Graça Pallagrosi

Categoria: