amigos da família

É uma família diferente e consciente, presente. Fundado num vínculo indissolúvel que se sustenta graças ao amor, o respeito é reciprocidade. É a família que escolhemos e que não necessariamente corresponde àquela em que nascemos, porque não são os laços de sangue que determinam a presença, mas é a vontade de estar presente, sempre e em qualquer caso, para aquelas pessoas.

Sim, amigos são a família que escolhemos, e é algo que temos dito repetidamente. Mas não são mais apenas palavras bonitas que se perdem no vento porque a Alemanha se prepara para aprovar a lei que transformará oficialmente amigos em parentes.

Uma grande notícia da frente alemã que inesperadamente desloca todos, porque o conceito de família tradicional será virado de cabeça para baixo para sempre. No entanto, esta notícia atraiu o entusiasmo de muitos, especialmente daqueles que aprenderam que não há nada mais mutável do que isso.

É Marco Buschmann, Ministro da Justiça da Alemanha, quem fala sobre a maior reforma do direito de família em décadas, e ele está certo. Porque esse reconhecimento do parentesco eletivo nos permite de alguma forma concretizar o que sempre soubemos. Então amigos serão oficialmente nossa família, até mesmo por lei.

A alteração legislativa foi proposta e acordada pelos partidos social-democratas, verdes e liberais no governo e visa reconhecer todos aqueles laços que existem entre as pessoas e que não dizem respeito ao parentesco como familiar. O nome em alemão talvez seja difícil de pronunciar, mas certamente decidido e determinado como a própria lei: Verantwortungsgemeinschaft significa comunidade de responsabilidade.

Sim porque é uma responsabilidade que as pessoas estão dispostas a assumir para com outras pessoas que não precisam necessariamente ser parentes ou cônjuges. Uma escolha acertada, esta, de se adaptar cada vez mais às mudanças da sociedade contemporânea.

Um pouco como acontece no reconhecimento de casais não casados, assim será com a comunidade de responsabilidade. Os amigos que optam por compartilhar a vida também podem formalizar todos aqueles aspectos relativos aos direitos e deveres que já são reconhecidos há muito tempo aos cônjuges, por exemplo.

O jornal alemão Süddeutsche Zeitung tomou como exemplo a história de duas viúvas com mais de 60 anos para dar mais concretude às consequências da promulgação desta lei. As duas mulheres, deixadas sozinhas, optaram por comprar uma casa e viver juntas o resto de seus dias com a esperança de que, se uma delas morrer, a outra herde naturalmente toda a propriedade.

Este é apenas um exemplo, claro, mas nos permite entender o quanto a formalização deste link pode ser necessária. Como em todos os casos em que os amigos cuidam uns dos outros, muito mais do que os parentes em muitos casos.

A família, portanto, não é mais apenas de nascimento, mas de escolha. Um pouco como fazemos no Facebook quando adicionamos amigos de longa data entre nossos familiares, completos com um pedido de parentesco. Só que desta vez, o pedido não será reconhecido por uma rede social, mas por lei.

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